Duas Drogas.

O Sir Paul McCartney sonhou com uma melodia. Acordou e aquilo não saía da cabeça dele. Pegou o violão: "Yesterday" já estava pronta.
Sting teve um sonho com "tartarugas azuiz invadindo seu quarto, enquanto ele se afogava", acordou desesperado e no mesmo ano lançou o espetacular disco solo de estreia "The Dream Of The Blue Turtles". Dois anos depois, de outro sonho ele criou a maravilhosa "Lazarus Heart" (nome do meu Avô). Mike Patton fez o contrário ( que novidade): aguentou sem dormir o máximo possível, sob café, guaraná e energético pra escrever em transe, e saiu "Caffeine", clássico dos clássicos do Faith No More. Já o Jim Morrison, coitado, esse sonhava acordado sem saber.

Essa noite sonhei que pegava o caderno, um lápis ( nunca, porque sempre escrevi com caneta, e sempre rabisquei por cima) e do nada comecei a escrever a letra, e a melodia vinha junto. A mão era a minha, mas a caligrafia não era compatível aos meus garranchos dignos de encher Dr. Greg House de orgulho. Se cantei dormindo é uma outra história, e nunca saberemos. Acordei com aquilo me martelando e a única coisa que me lembrei são de poucas palavras que terminavam as frases. Mas já sumiram. Enxaqueca à vista. Nunca usei entorpecentes "além-álcool" por sempre ter acreditado que eles afetariam minha memória, que valorizo muito, já que sou autodidata. Mas não consigo lembrar de uma letra de música MINHA, que acabo de escrever? Ou não era eu? Ou era apenas efeito do meu vício nas duas drogas que se misturam na minha cabeça de forma sagrada por todos os dias da minha vida desde sempre, se manifestando numa outra dimensão: Música e Cafeína?Música é minha droga. Adoro esse vício. E ela se manifesta até em sonhos. E eu odeio dormir. Pausa pra mais um cafézinho, ouvindo música.